Quem entra na Riviera de São Lourenço, logo se impressiona com os imponentes coqueiros que conferem a bela identidade visual do nosso bairro. Eles seguem lado a lado, margeando o canal, por toda a avenida principal; também estão presentes nas avenidas longitudinais paralelas à praia e abundantemente espalhados pela área verde em frente ao mar (o jundu). Marca registrada do empreendimento, os coqueiros da Riviera possuem uma rica história de resistência, do plantio à manutenção.
Os cocos reais – sim, porque vieram apenas as frutas – fizeram um longo percurso, da Praia do Forte, na Bahia, até o solo da Riviera de São Lourenço, no início da década de 1980. Este é o aspecto fundamental do projeto elaborado pelo agrônomo paisagista Rodolfo Geiser, contratado pela Sobloco no início da implantação do empreendimento. O consultor empresarial Artur Richter também fez parte da equipe da Sobloco na implantação da Riviera e conta que o plano paisagístico incluía recuperar o jundu da praia, à época, muito castigado pela passagem de caminhões pelas praias da região e as altas de maré. “Dentro deste plano havia a inclusão dos coqueiros, uma marca das praias do litoral do Brasil e exterior”.
Os coqueiros da Riviera tiveram assim uma história que começou em junho de 1981 com a aquisição de 2 mil mudas de coqueiros-anões. A equipe da Sobloco foi até a praia do Forte, na Bahia, e os melhores cocos foram selecionados. O translado ocorreu em caminhões e foi acompanhado por um biólogo.
Richter lembra com humor que a chegada da encomenda chamou a atenção de vizinhos e trabalhadores da travessia de balsa entre Bertioga e Guarujá, único acesso à Riviera naqueles tempos. “Teve gente que me ligou para perguntar se estávamos construindo a Riviera com cocos”.
Esses primeiros coqueiros foram cultivados na área do viveiro de mudas e seu desenvolvimento foi excelente, marcando o início de uma série de estudos de técnicas de plantio e correção do solo. Abrangendo mais de 20 mil metros quadrados, o viveiro de plantas da Riviera chegou a ter mais de 70 mil mudas de plantas ornamentais, frutíferas e nativas. Teve um papel muito importante na história da Riviera de São Lourenço, porque durante todo o período de implantação do empreendimento, uma equipe trabalhava na coleta de espécies nativas da região com o objetivo de preservá-las no viveiro e mais tarde plantá-las nas praças e nos jardins. Foi o viveiro o berçário de milhares de mudas das mais variadas espécies e também dos coqueiros que chegaram da Bahia.
O engenheiro Paulo Velzi também chegou a Bertioga nesse período, contratado pela Sobloco para trabalhar na implantação do empreendimento. “Era agosto de 1981, e nós tivemos que preparar uma grande área no canteiro de obras para receber os cocos”. Eles foram acondicionados em canteiros com serragem, para se desenvolverem, por cerca de um ano. Receberam todos os cuidados necessários, inclusive a implantação de uma espécie de unidade de tratamento intensivo dentro do Viveiro, para combater a nematoide do anel-vermelho, doença fatal para a planta.
Os cocos contaminados eram separados dos demais e tratados nessa unidade, para não haver proliferação. Richter destaca a importância dessa iniciativa: “A UTI foi determinante, porque chegamos a receber a orientação de descartar os cocos, por causa da praga”.
Entusiasmada com a boa adaptação, a Sobloco comprou, em 1983, uma leva de 6 mil novas sementes. As mudas foram dispostas em sacos com terra adubada para, cerca de dois a três anos depois, serem plantadas no jundu da praia e avenidas. Em 1986 foram adquiridas mais 4 mil mudas, que também germinaram e se desenvolveram no viveiro da Sobloco para posterior transplante.
A aclimatação dos coqueiros foi um sucesso e, ao lembrar, Arthur Richter emociona-se: “Foi surpreendente a resposta que eles deram. Para mim, eles significam vida. É importante preservar a memória dos coqueiros; faz bem para a Riviera e para todos nós”.
Paulo Velzi também tem um carinho especial por essa história: “Durante muitos anos, esses cocos foram tratados como bebês. A gente regava, cuidava, descobria a doença, botava na UTI, quando sarava, tirava. Aprendemos muito com essa cultura e, hoje, a Riviera é recheada de coqueiros”.
Trabalho continuo
Ao admirar os coqueiros, alguns com mais de 20 metros de altura, é difícil imaginar todo o trabalho de manutenção e cuidados que é necessário, inclusive para se evitar acidentes com os cocos e as folhas que caem, já que eles se encontram em área urbana.
Tal tarefa cabe à Associação dos Amigos da Riviera de São Lourenço. Ela é responsável pelas podas e remoção de cocos das palmeiras dos canteiros centrais, serviço realizado com ferramentas manuais e auxílio de caminhão munck com cesto acoplado.
De acordo com a Associação, os cocos e as folhas removidos são destinados à central de podas da Riviera de São Lourenço. Triturados, os resíduos das podas são transformados em biomassa e aproveitados na agricultura da região.
A saúde das plantas é outro ponto de atenção, já que os coqueiros são alvos de pragas, como o besouro Broca-do-olho-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum), responsável por infestações severas que levam à destruição completa de plantas adultas e jovens. Esse besouro também é vetor do nematoide do anel-vermelho, doença fatal para a planta.
Segundo o setor de meio ambiente da Associação, há poucos predadores naturais do besouro; a coruja-buraqueira está entre eles. Por causa do alto risco às plantas, a solução foi utilizar armadilhas de captura dos insetos adultos, para controle da praga. São 13, distribuídas pelo bairro e monitoradas mensalmente; ao longo do ano são encontrados de um a vinte besouros por armadilha, a cada visita.
Tempo de palmeira Jerivá
Lá se vão 40 anos desde os primeiros trabalhos de implantação do paisagismo da Riviera de São Lourenço. E como o coqueiro tem uma vida útil de aproximadamente 30 anos, Associação e Sobloco fizeram um projeto técnico para sua substituição nos canteiros centrais dos Passeios, onde há estacionamento de veículos, pois esses apresentam risco maior de acidentes com a queda de frutos e folhas. Nos novos módulos e nos vazios deixados pelas plantas que não resistiram, uma nova espécie irá também ocupar, aos poucos, os espaços: a palmeira Jerivá. As vantagens são muitas: semelhança com os coqueiros; menor risco de acidentes; e menor custo de manutenção (para retirada dos cocos e folhas secas). É que suas folhas são menores e mais leves e, ao secarem, não se desprendem facilmente da palmeira, o que reduz as chances de queda sobre pessoas e carros.
A limpeza dos coquinhos que sobrarem é realizada no solo, diminuindo a manutenção na sua parte aérea. Há, ainda, o apelo ambiental, já que ela é nativa da região, seus frutos são pequenos e servem de alimento para a fauna local (esquilos, tucanos, jacus), o que não acontece com os COCOS.
A arborização urbana dos novos módulos implantados na Riviera já vem sendo feita com a palmeira Jerivá, introduzida nos canteiros centrais das ruas. Para a substituição, inicialmente foi realizado um levantamento pela Associação dos Amigos da Riviera nos canteiros centrais das avenidas principais, com o mapeamento dos locais onde coqueiros morreram devido à idade avançada, ao ataque de pragas, ou atingidos por raios. Nesses espaços vagos entre um coqueiro e outro, estão sendo plantadas, gradativamente, mudas de Jerivás. Na praia, nas praças e em espaços amplos, os coqueiros serão mantidos, conservando a marca da Riviera.